No projeto do Partido Comunista Francês, não me faltou, pelo menos, intuição e poder de decisão. E isso explica a fachada em curvas e o hall semi-enterrado, diferente, deixando o terreno livre para o jogo de volumes e espaços livres que constituem a própria arquitetura. Tivesse prevalecido dúvida em aceitar solução tão inusual, os que hoje visitam o prédio não teriam a surpresa do grande hall que tanto o caracteriza, com seu espaços e formas inesperadas, e o piso a descer suavemente até a cúpula que dele surge para o exterior, participando do espetáculo arquitetural imaginado.
Na sede do Partido Comunista Francês mostrei como é importante manter exteriormente um jogo harmonioso de volumes e espaços livres, o que explica ter localizado o grande hall da classe operária em subsolo.
Integrado no programa, nas condições locais e nas possibilidades construtivasiniciei os estudos do Partido Comunista Francês, tando como preocupação primeira, esconder a parede alta do prédio vizinho que a meu ver não deveria contar no ambiente arquitetural. Isso explica a localizaçãodo bloco principal e as curvas da fachada deixando entre ele e o prédio anexo o espaço necessário aos acessos verticais, solução que, internamante, garante a flexibilidade desejada.
Fixado o bloco e os acessos, passei a estudar o térreo e os subsolos. Não queria um edifício em “pilotis”, nem o hall no térreo ocupando demasiadamente o terreno, preferia um hall mais discreto, semi enterrado, e externamente, volumes e espaços livres se correspondendo como convém.
E criei o hall semi enterrado – o foyer da classe operária – com salas de espera, exposições, livraria, etc, e o grande auditório que localizado nesse piso, surge nos jardins como um dos elementos essenciais da composição.
Para dar aos que chegam a impressão de mais amplitude, projetei a escada externa bem estreita o que permitirá, pelo contraste, o efeito desejado. E procurei manter em todo o prédio a mesma liberdade plástica e a curva livre e lógica que o concreto armado sugere. É o que vocês encontrarão, com unidade, nas curvas da fachada, no corredor sinuoso, nas formas variadas, quase barrocas, do hall e da cobertura que atendem razões de circulação, utilização e visibilidade.
Aprovado o estudo inicial, entrei em contato com meus colaboradores J. Deroche e P. Chematov e depois com J. Prouvé, J. Tricot e J. L. Pinho que muito úteis se fizeram no desenvolvimento do projeto.
Eis o que devo dizer sobre a sede do P.C.F., realizada com o maior apuro, fiel ao traço inicial.
Texto: Oscar Niemeyer